segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Usain Bolt, um “Tributo” ao Tipo Sete (POSTADO POR MUNDO ENEAGRAMA EM AGOSTO 6, 2012 ÀS 7:57 AM) Por Urânio Paes (@uraniopaes)



"Usain Bolt se tornou bicampeão na prova sobre a qual recaem as maiores atenções durante uma Olimpíada, os 100 metros rasos. Dois milhões queriam um ingresso para ver Bolt fazer história no Estádio Olímpico de Londres; 80 mil privilegiados conseguiram. E, seguramente, não se arrependeram e jamais se esquecerão do que viram. Bolt virou uma atração; é um prato cheio para quem quer compreender melhor o perfil do Sete no Eneagrama.
O jamaicano, antes de mais nada, é simpático e carismático. Conquista as pessoas com a descontração, irreverência e espontaneidade. Atrai olhares e as câmeras de todo o mundo com um estilo informal, charmoso e alegre. Segundos antes de iniciar uma prova tão tensa e importante, lá estava Bolt, sorrindo, brincando com o público, com as câmeras, beneficiando-se duplamente disso, algo que parece melhorar sua performance e irritar alguns de seus adversários diretos.
Depois da prova, ele comemora com o público, abraça outros competidores, fala com a imprensa com uma informalidade típica daqueles que costumam “nivelar a autoridade”, uma marca do Tipo Sete. Estes comportamentos são formas eficazes de diminuir a tensão e aumentar o relaxamento e a autoconfiança.
Bolt exemplifica bem uma das formas de se diferenciar um Sete de um Três (muitos poderão questionar essa breve análise, afinal de contas, ele disse que estava feliz por ser o melhor do mundo). Ao olhar para a própria imagem no telão do estádio, Bolt gosta do que vê e costuma brincar mais. Neste momento, ele passa uma impressão de fazer exatamente o mesmo quando se olha em um espelho dentro de sua própria casa, ou seja, demonstra que não está nem aí para a aprovação do público, mas que curte e tem prazer na informalidade dessa interação pouco protocolar. O Sete está mais para “narcisista”, enquanto o Três está mais para vaidoso (em sentidos não patológicos/julgadores das palavras). Para Bolt, se os outros gostam ou não dele, isso, provavelmente, se torna mais uma questão de bom gosto ou mau gosto (dos outros, claro) do que motivo de preocupação.
Assim, de forma natural e espontânea, ele encanta as pessoas. Compare-o, por exemplo, às poses de Cristiano Ronaldo, um Tipo Três, quando se olha no telão antes de bater uma falta.
NAS ORGANIZAÇÕES – É possível estabelecer uma analogia com o que acontece em empresas. Muitas vezes, vejo os executivos do Tipo Sete buscando se divertir momentos antes de reuniões decisivas, por exemplo. Essa iniciativa pode trazer efeitos positivos para eles e para os resultados buscados. Empresas míopes e fracas no tema da diversidade, acostumadas a “pasteurizar” seus colaboradores, inibem esta estratégia dos Setes e, com isso, conseguem o oposto do que desejam: diminuem suas performances. Neste sentido, os fãs do esporte – e deste mito chamado Usain Bolt – deveriam agradecer de joelhos o fato dele ter nascido jamaicano. Sim, porque, nesse país, estas estratégias do Tipo Sete são aceitas e bastante apoiadas.
Uma das características da “gula”, que é a paixão ou o vício emocional do Sete, é acessar uma energia acima da média em determinadas situações, de forma ligada ao prazer (sugiro a leitura do artigo “Tipo Sete: paixão da “gula” e Virtude da “Sobriedade”). Esta característica, no caso de Bolt, parece canalizada de forma muito positiva, correndo de maneira mais rápida (o que rende o ouro, dá prazer) e intensa, que assombra leigos e especialistas, gerando debates sobre os limites biológicos do ser humano para uma prova como esta. É claro que suas características biológicas são decisivas, mas também me parece evidente que não somos feitos apenas do biotipo, mas também de nossa psique. É assim que Bolt, com uma energia acima da média, se percebe, constrói a sua personalidade.
Este, aliás, é um bom momento para lembrarmos uma importante lição: “bendita personalidade”. É fundamental pararmos de demonizar a personalidade no nosso trabalho de crescimento pessoal. As abordagens mais modernas (de trabalho interior) buscam integrar a personalidade e usá-la positivamente no trabalho de busca das qualidades essenciais, em vez de gerar confrontos improdutivos com nossos padrões. Parece que Bolt também sabe fazer isso muito bem, ao menos nos 9,63 segundos de sua inigualável corrida como homem mais rápido do mundo em todos os tempos. Tomara que possa, assim, inspirar uma parcela de seus bilhões de telespectadores na importante tarefa de mobilizar forças da personalidade para algo de nível efetivamente superior.
Um detalhe curioso da performance de Bolt é que ele larga pior do que a maioria dos seus adversários. Curiosamente, e isso também diferencia de forma muito precisa Setes e Três, ele admite isso publicamente. Aqui, não se trata de fazer uma crítica ao Tipo Três, apenas de dizer que os Setes podem ser menos refratários a admitir, publicamente, seus gaps, já que ele não se importa com a aprovação dos outros. De qualquer forma, essa “limitação” na largada decorre, em parte, de sua altura e tipo físico. Porém, mais uma vez, duvido que este seja o único fator. Acredito que isso acontece por ele ser um tipo mental do Eneagrama, que demora um pouco mais para ir para a ação. Os tipos instintivos (8, 9 e 1) tem uma facilidade um pouco maior de ir para a ação e, em geral, são “melhores” (possuem aptidão) em “arrancadas” (é o caso, a meu ver, de Ronaldo Fenômeno e César Cielo, ambos prováveis Tipos Nove do Eneagrama). Talvez, também, este seja um “efeito colateral” do fato de Usain Bolt brincar bastante, de forma mental, até poucos segundos antes de largar. Assim, ouso dizer que Bolt, talvez, ganhe alguns centésimos de segundo em sua performance, se for corretamente treinado com técnicas que usamos associadas ao Eneagrama, de desligar os pensamentos e acessar o instinto.
Por fim, a história recente de Bolt nos mostra uma sabedoria de como as pessoas do Tipo Sete podem de desenvolver. Há um ano, Bolt fracassou no Campeonato Mundial de Atletismo, na Coreia do Sul. Depois de todo um semestre aquém das expectativas, ele simplesmente queimou a largada e foi desclassificado. De lá para cá, muitos analistas duvidaram que o jamaicano pudesse se recuperar e repetir seus melhores momentos. Neste cenário, o que fez Bolt? Ele se isolou. Antes da Olimpíada, passou três semanas recluso e concentrado, longe de tudo e de todos, sem gerar ou alimentar o noticiário. Do ponto de vista do Eneagrama, o que Bolt fez foi acessar a força da sua flecha Cinco. Quando caminhamos contra a flecha no diagrama do Eneagrama, nós nos energizamos de uma maneira muito especial e, para um Sete, isto acontece no ponto Cinco do diagrama. E, quando isso é bem feito, na hora certa, o Tipo Sete pode ir para o ponto Um (flecha a favor), obtendo o melhor deste ponto, como disciplina, foco e instinto mais ativo (que tonifica e deixa as pessoas mais “espertas” nos movimentos físicos). Ou seja, Bolt fez a caminhada de crescimento que preconizamos para nossos alunos do Eneagrama: foi contra a flecha e, depois, a favor dela no diagrama, obtendo sucesso.
Por ser jamaicano, Bolt é um “duplo Sete”, ou seja, Sete na personalidade e Sete na cultura nacional, o que faz com que nós, brasileiros, nos identifiquemos ainda mais com ele (o Brasil também é Sete – sugiro a leitura do artigo “Brasil, Tipo Sete no Eneagrama”, de Wagner Belmonte neste blog). Por isto, já estou desde já na torcida para que este mito esteja na Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016, ganhando pela primeira vez três Ouros na prova mais importante do atletismo mundial (ontem, ele se igualou ao norte-americano Carl Lewis). Aposto que a energia brasileira (Sete) e carioca (outro “duplo Sete”) será contagiante para Bolt. Que, por sua vez, também será contagiante para nós, brasileiros.
Bolt revelou que sonha repetir seus feitos nos Jogos do Rio. “É verdade que terei 30 anos. Mas acho que pode ser divertido”, avisou o jamaicano. Sorridente, ele chegou a cantar “Every little thing is gonna be alright”, do também jamaicano Bob Marley, com um grupo de repórteres. Questionado se sentia uma “lenda do esporte” por ter quebrado o próprio recorde olímpico de 9s69, Bolt fez cara de contrariado. “Não, não. Estou a um passo (de me tornar uma lenda). Eu me sinto quase uma lenda”, brincou.
A reação de Blake, medalhista de prata, também foi bastante peculiar. “Fiquei com a medalha de prata. O que mais posso pedir? Ser o segundo homem mais rápido do mundo atrás de Bolt é uma honra”, disse.

O “Sete” Usain Bolt:

 Recordes mundiais:
100 m rasos – 9s58 (2009)
200 m rasos – 19s19 (2009)
Recordes olímpicos:
100 m rasos – 9s63 (2012)
200 m rasos – 19s30 (2008)
Títulos:
Bicampeão olímpico dos 100m (2008/Pequim e 2012/Londres), campeão olímpico dos 200m e 4x100m em 2008."





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